sábado, 14 de junho de 2014

Sobre coxinhas, vaias e ofensas

Cada vez mais tenho preguiça de entrar no facebook. E isso acontece porque cada vez que abro minha timeline sinto o cheiro enjoativo da gordura usada para fritar as coxinhas que cada vez mais bradam seus insultos e "revoltas".

Discordâncias políticas e discussões são sempre bem-vindas. Mas o problema é que essa pseudo-elite que tem urrado nos últimos tempos, carrega em seu discurso um rancor, um recalque, um ódio cego e sem sentido. 

Pessoas que descarregam sua raiva contra os metroviários em sua (legítima) greve afirmando "Tem que demitir mesmo esses vagabundos", de dentro de seus carros com ar condicionado, sem conhecer a real situação daqueles trabalhadores que levam nas costas um aparelho sucateado, sem nenhum tipo de conforto à população. Pessoas que aplaudem de pé as ofensas proferidas à presidente (feita por uma elite rica, branca, e que só estava lá, curtindo a Copa por conta dos esforços, trabalho e morte de pessoas pobres, que não puderem nem chegar perto do estádio no dia, local que -  olha só, que irônico - é a periferia dessa cidade, onde muitas dessas pessoas que tanto trabalharam pra esse evento acontecer, devem morar), acreditando que isso seja uma forma legítima de manifestação, mas que não passa de falta de educação. Pessoas que cobram da presidente coisas como saúde, educação, transporte de qualidade, mas que não se dão ao trabalho de pesquisar quais são as reais atribuições das instâncias federal, estadual e municipal do governo. Pessoas que bradam, com baba de ódio nas bocas "Queremos Educação!", mas que quando professores fazem manifestações e greves em busca de melhores condições de trabalho, chamam os manifestantes de vagabundos e reclamam que eles estão atrapalhando o trânsito... Por que mandar a presidente tomar no c*, enquanto a USP, referência mundial no ensino está quebrada por mau uso da verba recebida, administrada pelo governo estadual (do PSDB)? Que tal também mandar nosso governador tomar alguma coisa, em algum lugar? Não... ninguém merece ser ofendido nesse nível tão baixo...

Essas pessoas fazem parte dessa "elite classe média", que tem acesso à educação e saúde privadas, se dizem indignadas com a atual situação do país, mas nunca devem ter se dado o trabalho de saber como é a situação dos pobres, se ela melhorou ou piorou, que pisaram pela primeira vez na periferia para assistir o jogo de abertura da Copa, pagando quase mil reais num ingresso, e postando selfies nas redes sociais durante o percurso "exótico" do trem ou da linha vermelha do metrô. Esquecem (ou preferem nem saber) que milhares e milhares de pessoas passam por aquilo todos os dias, gastando horas num trem apertado e sem conforto.

Será que alguém já se deu o trabalho de perguntar para a empregada da casa como está a vida dela? Como ela se sente de ver o filho poder entrar na faculdade graças ao ProUni?  

Acho sim que existem muitas falhas no governo Dilma, mas não acho que xinga-la num momento de raiva descontrolada seja algo positivo para a democracia. Pessoas que fazem oposição de maneira legítima e buscam, de verdade, tentar melhorar a situação do país, não caem na armadilha fácil da ofensa pessoal, da baixaria. E essas pessoas, são justamente chamados de "baderneiros" e "vagabundos" por aquelas pessoas que acharam bonito mandar a chefe de Estado, legitimamente eleita pelo povo, tomar no c*.

E além de ser representante máxima do nosso país, cabe lembrar que Dilma é, antes de tudo, mulher, mãe, avó. E a atitude de insulta-la daquela forma, só reafirma mais uma premissa dessa nossa classe média: Ela é machista. Pois se soa natural ofender uma mulher para o mundo todo ouvir, é porque eles acreditam que a mulher não merece respeito. Eu fiquei horrorizado com aquilo, como ficaria se alguém mandasse tomar no c* minha mãe, minha avó, ou qualquer outra mulher próxima a mim. Ou qualquer outra mulher. 

A presidente e todas as pessoas rechaçadas por essa elite tem minha solidariedade, independente de concordar ou não com a maneira que conduzem as suas obrigações. E eu me solidarizo pelo simples fato de, apesar de serem constantemente atacados por esse coxinismo, continuam mantendo a dignidade, sem se render à baixaria da nossa gente "fina, culta e educada". 



quarta-feira, 9 de abril de 2014

Sobre fãs exaltados e extremistas

Fãs terroristas existem desde que existe a arte
Já de alguns dias, eu tenho me perguntado, quase que constantemente: Existe coisa mais chata que fã? E eu explico meu questionamento.

Em primeiro lugar, queria deixar bem claro que não tenho absolutamente nada contra as pessoas que admiram artistas. Eu mesmo tenho meu carinho especial por alguns deles. Chico Buarque, Clara Nunes, Maria Bethânia, Kiko Dinucci, Guimarães Rosa, e alguns outros que o digam. O problema é quando a linha tênue que separa a admiração da obsessão é destroçada. É aí que o bicho pega!

Os fãs viram criaturas assustadoras, possuídas pelo ritmo Ragatanga, e se tornam seres cegos, como zumbis, que tem como única missão na Terra "defender a honra" de seus ídolos. E aí, como diria a musa Valesca Popozuda, "é só tiro, porrada e bomba". Nesse caso, é melhor sair da frente e salvem-se quem puder. 

E a nossa amada internet, essa terra de ninguém, esse universo paralelo em que paira a impunidade e que cada um pode falar o que bem entende (olha eu aqui reclamando... O que seria de minhas chatices sem a internet?) é apropriada por essa horda de fãs terroristas, que a usam como instrumento para cumprir sua missão dada por algum tipo de força superior dominadora de mentes.

Primeiro eles começam mansinhos, tomando as redes sociais de forma "inofensiva". Hoje mesmo, eu que sou "amigo" de uma famosa cantora da MPB no Facebook, vi minha timeline invadida por diversas montagens de gosto duvidoso de fotos dessa cantora com seus fãs, e em todas a pobre cantora foi marcada. Por mais que eu rolasse a página pra baixo, nada mais aparecia além das terríveis imagens de "bom dia", "feliz aniversário" (dos fãs) e outras coisas do tipo. Se eu me senti incomodado com isso, imagina a coitada da cantora.

Mas, chega um momento em que os ânimos se exaltam, e se alguém ousa mencionar uma vírgula que seja contra o amado ídolo, essa pessoa que se prepare, que lá vem um bombardeio de insultos. E esses xingamentos, são os mais baixos possíveis. Ontem mesmo, eu fiz um simples comentário na foto de uma famosa cantora no Instagram, que os fãs só faltaram chamar minha mãe de santa. Um deles, inclusive, foi xeretar meu perfil, para encontrar munição para me atacar. E não é que o garotinho era evangélico? Quando viu minhas fotos, o que ele deduziu? Que eu o próprio Satanás na Terra! Pronto! Era esse o motivo pelo qual eu estava criticando a tal cantora: Ela é "de Deus" e eu, enquanto endemoniado não podia aceitar aquela alma de luz, então precisava atacar. Ele também falou que eu estava querendo aparecer em jornais, e por isso estava fazendo tais críticas... Detalhe fundamental: Apesar da crítica, eu adoro a tal cantora.
Á lá, eu querendo aparecer em jornais... que coisa feia!
Daí, outro questionamento surge na minha cabeça: O que realmente motiva uma pessoa se cegar a ponto de atacar tão brutalmente (mesmo que no campo virtual) uma pessoa que ela nem conhece, que nunca viu e nunca vai ver na vida, em prol da defesa de alguém que ela também não conhece, que nem sabe que seu "defensor" existe. 

Até que ponto nossas vidas estão tão esvaziadas e consumidas pela loucura da vida contemporânea, que precisamos buscar conforto na falsa proximidade com quem gostaríamos de ser? Por que nossas vidas são tão insignificantes, que precisamos tentar viver a vida do outro, o que tem fama, glamour, dinheiro, e eu me abstenho de meus próprios anseios pra defender o inatingível. E podemos pensar também, que esses ídolos não precisam de defesa, né? Eles já são bem grandinhos, e se não podem ouvir críticas, é melhor mudar de profissão. Se bem que todos nós, independente do que fazemos e nossas vidas em algum momento ou outro iremos ouvir algum tipo de crítica. É triste isso essa fuga da realidade, não é? Acho que a minha questão lá do começo pode ser mudada de "existe coisa mais chata que fã" para "existe coisa mais triste do que pessoas que querem viver a vida do outro?".

Enquanto isso as louças sujas se acumulam pelas pias por ai...

E agora chega de blá-blá-blá, que na minha pia também tem louça suja pra lavar.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A fantástica arte de não saber se comportar em shows

2014 começando com tudo!
Eba! Primeiro post da Casa em 2014, e já começando com muito mau-humor! rsrsrs

Esse começo de ano já está movimentado em minha vida “baladeira” vamos assim dizer... 

Quem me conhece, sabe que minhas baladas se resumem a shows do SESC, com horário para começar e terminar. Sempre sabendo que, no máximo, às 23h00 já estarei a caminho de casa, onde minha cama quentinha estará a minha espera! 

E nesses poucos dias que janeiro contabiliza, já pude estar em dois shows de grandes nomes da música brasileira. E os dois, coincidentemente foram no mesmo palco. O SESC Pinheiros foi o lugar, e os shows foram de Arlindo Cruz e Lenine.

Dois artistas importantes, com carreiras consolidadas, perfis de público completamente diferentes, mas uma coisa em comum: O público sem educação!

E, é claro, que isso não é culpa dos artistas. Acredito que seja mais uma tendência da contemporaneidade (palavra chique, né?), já que isso se repete nos mais variados programas em que se reúnem mais de três pessoas. 

Exatamente as mesmas coisas acontecem em shows, peças de teatro, espetáculos de dança, quem sabe até na missa... Eu vejo mais em shows, afinal são os que mais frequento. Faz tempo que não vou à missa!

E a tecnologia é uma grande aliada e cúmplice na falta de educação do público. Sem ela muitos desses comportamentos desagradáveis, certamente não aconteceriam.

Mas o que fazem esses fãs? Como sobrevivem com seus hábitos desagradáveis? Por que incomodam tanto quem está em volta? Saiba sexta, no Globo Repórter!

Mentira! Eu mesmo (às vezes conhecido por Garoto Enxaqueca, devido ao meu 'bom humor' constante) fiz uma listinha com as coisas que tenho percebido nos últimos programas “culturais” que fiz:

- Gritos histéricos e sexualmente explícitos

Toda a sensualidade de Arlindo Cruz.
100% Sexy
Não importa em qual show você está. Pode ser do Justin Timberlake, do Chico Buarque, ou do Arlindo Cruz... Tanto faz! Lá estarão elas. As fãs que a cada intervalo de música soltam os estridentes gritos de “Lindo!”, “Gostoso!”, “Maravilhoso!”, "Tesudo!" "Oh, lá em casa!"... Por quê? Eu me pergunto. Pro Arlindo Cruz? Ok, ele pode ser muito carismático, mas “Gostoso” não é o melhor adjetivo para classificar o sambista. Então, fica a dica: se você não tiver no máximo 15 anos e não estiver no show da sua Boy Band favorita, simplesmente NÃO há motivos para soltar esses gritos em shows.



- Luzes de Smartphones

Assim que me sinto quando alguém mexe no celular
do meu lado em um show
A pessoa paga pelo ingresso pra ver o cara. Ela  está lá. Ou seja, se dispôs a sair de casa, se arrumou, pegou trânsito, transporte público lotado, e os carambas. Subentende-se que gosta do artista que vai se apresentar, certo? Pois bem, a pessoa chega lá e quando o show começa, o que ela faz? Saca seu smartphone da bolsa (bolso, chapéu, qualquer outro buraco) e fica fazendo o que? Qualquer coisa, menos prestar atenção no palco. Ela conversa com azamigue no whatsapp, checa Facebook, curte foto no Instagram, caça no Grindr e afins, joga Candy Crush e sei mais lá o que... E o artista, coitado, acha que tá abafando, e o público nem atenção tá prestando. Então por que vai, né? Pra ver email, faz em casa. Lá, pelo menos, a luzinha não vai ficar na cara e incomodando quem tá do seu lado.

- Toca aquela

Por que essas pessoas que insistem em ficar gritando nomes de música nos shows? Não é difícil entender que os shows têm um roteiro pré-estabelecido, que configuram o projeto atual do artista. O repertório é pensado, amarrado, com as canções interligadas. E já está pronto! Além disso, o show passou por um processo de ensaios, para se adaptar a configuração sonora que a banda está no momento. Então, não adianta ficar gritando “Toca aquela”, no meio do show porque, se ela não estiver no repertório, muito dificilmente o artista vai abrir uma exceção só pra atender o desejo narcisista de um ou outro fã chato na platéia. E provavelmente é aquele mesmo que há 5 minutos tava lendo o email no celular. E se você só foi ao show pra ouvir aquela música que tocava na novela, e é o maior sucesso do artista, fique tranquilo, que nem que seja no bis, ele vai cantar...


Se a luz do show não é suficiente,
leve um farol de milha!
- Filmes, fotos, flashs, luzes, e o escambal

É impressionante a quantidade de pessoas que ficam o SHOW TO-DO fotografando, filmando, botando a foto nas redes sociais... Não vou falar que eu mesmo não tiro fotos. É claro que tiro, mas não fico o tempo inteiro fazendo isso. Eu geralmente deixo pra fazer no bis... Mas o mais legal é quando acontece o que aconteceu comigo no show do Lenine. Uma senhora muito distinta (pra não usar outro adjetivo) que estava sentada atrás de mim decidiu filmar uma canção inteira, no momento mais intimista do show, com uma luz baixa no palco, quase penumbra. Só que ela acendeu um flash que parecia iluminação de estádio de futebol!! Eu não resisti e fiz um lindo passarinho de sombra com as mãos na cara do Lenine, pra ver se a sonsa se ligava que tava atrapalhando... Mas não! Ela insistiu até o final da música. E outra: dessas muitas e muitas pessoas que filmam o show inteiro, quantas assistem a gravação depois? E quantas vezes? Duvido que a resposta para essas duas perguntas seja um número grande... Então, pra que deixar de prestar atenção no show pra filmar, sendo que você nem vai assistir depois?
Aliás, Lenine, se você ler esse texto, foi mal pelo passarinho, mas foi irresistível...  :( 

Isso tudo sem falar nas comilanças, conversinhas, excesso de perfume (isso é realmente grave, principalmente se o perfume for doce...), falta de noção e respeito total.

Realmente queria saber o que ocorre com esse povo que parece que está desaprendendo a conviver na coletividade. Afinal, a pessoa tem todo o direito de fazer todas essas coisas que o chato aqui relacionou aí em cima, desde que não atrapalhe quem tá do lado, né? Será que teremos um dia em que os shows serão transmitidos através de wi-fi direto nos nossos fones de ouvido de smartphones ou tablets? Quem sabe assim, no isolamento, as pessoas voltem a ser mais educadas, não é?

Ou então, acho que vou publicar um ‘Manual de boas maneiras e comportamento em locais públicos’... Quem sabe não faço uma graninha com isso? Talvez ninguém leia, mas pode ser um Best-seller!